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Três pilares e cinco livros

Todos nós já começamos e paramos algum curso na vida. Não só porque descobrimos que o curso não seria útil, mas porque, embora soubéssemos de sua importância, resolvemos desistir porque… porque… nem lembramos mais da razão.  Provavelmente colocamos a culpa no trânsito, na falta de tempo, no professor, em qualquer coisa.
Também conhecemos pessoas  perseverantes, que não desistem facilmente. Mas isso também não significa que vão se tornar brilhantes naquilo que estudam com tanto esforço.


O que acontece nos dois casos?


Pesquiso sobre propulsores do aprendizado há mais de duas décadas e destaco três pilares de sucesso – para que este aprendizado seja eficaz. E o que é interessante é que estes pilares são, também, os propulsores de bons resultados na vida profissional.


1) Seu talento natural


Já escrevi sobre talento nesta coluna, este é um tema fascinante.   Tem gente que nasceu para tocar piano, estuda menos que outros alunos, e tem um desempenho fabuloso,  enquanto outros que estudam mais conseguem um desempenho apenas bom. Se você tem este talento natural para idiomas, talvez  até aprenda sozinho.   Então, uma forma de acelerar aprendizados é você saber quais são seus talentos, e potencializá-los.  Se nem pensa nisso e sai escolhendo cursos (ou carreiras), com muito esforço, pode sair do conceito ruim e passar a ser razoável.  Quando você explora seus pontos fortes, já sai na frente, com menos esforço.  Ouvir a sua voz interior e adequar seus talentos à sua carreira é propulsor de sucesso.   O Stephen Covey fala um pouco disso no livro “O 8º Hábito”.  Ele diz para você não deixar sua vida repleta de pontos a desenvolver e coisas que odeia fazer.  Aconselha a fazer escolhas ouvindo sua voz interior, seus talentos.  E se você não os conhece, pergunte para sua mãe o que você fazia bem ou gostava de fazer quando criança e adolescente.  A criança sabe, mas a família e a sociedade se encarregam de fazê-la esquecer.
Sabia que o poder de um governante na Idade Média era reconhecido também por sua capacidade de identificar talentos em artistas? E Santa Tereza D’Ávila tem uma oração em que pede a Deus a mesma coisa: a capacidade de descobrir talentos nos outros, e contar para eles que os descobriu.


2) Seu hábito e disciplina


Se você tem talento natural para algo, quanto mais você se expõe ao aprendizado, notará que é bom naquilo, as pessoas o elogiarão, aí você ficará motivado, praticará por mais horas todos os dias, porque percebeu que é bom e porque é elogiado, e a prática também ajudará você a se tornar genial.   Tem um livro que estuda isso, o  Outliers, do Malcolm Gladwell . Ele diz que 10.000 horas de prática é um número mágico que faz muitos de nós nos tornarmos excelentes.   Ou geniais, se você unir a um talento natural.
A questão é: se você não gosta do que está aprendendo, se percebe que não faz bem, você desiste antes da 100ª hora – algumas pessoas antes da 10ª hora, dependendo do nível de tolerância a coisas que desagradam.
Uma boa maneira de se tornar mais disciplinado é justamente expandir o nível de tolerância. Sabe aquela pessoa que só quer prazer? Se tem de estudar para um teste importante, ela empurra com a barriga e estuda na véspera, porque não gosta.  Se tem de se exercitar, ela cria todo tipo de justificativa, porque não gosta.  Tornar-se disciplinado significa ser capaz de realizar coisas que você não gosta muito, mas que entende que precisa.    Afinal, nem tudo na vida pode ser escolhido com base no  talento natural e prazer.   O Poder do Hábito, de Charles Duhigg, lida muito bem com este e outros temas relacionados à disciplina e hábitos.
Lembre-se de que o conjunto de hábitos forma o seu caráter, que molda o seu destino.


3) Sua emoção e sua personalidade


Quer aprender um idioma, sair falando com desenvoltura, mas é perfeccionista e trava? Quer ser palestrante, mas é super tímido? Costuma sair gritando quando algo o desagrada, mas quer ser líder?  Vamos lá, recapitulando os dois primeiros pilares:  primeiro, entenda como você funciona.  Depois, tente na vida tudo o que potencializa seus pontos fortes.  E compreenda suas limitações, para que, quando tiver de fazer algo que explore um ponto fraco, você tenha cuidado extra. Aí, procure ajuda para que o tormento aos poucos se torne suportável e, quem sabe, com o tempo levemente prazeroso. Vale procurar um método ou professor que se encaixa com seu jeito de aprender, um curso de oratória para fazer uma apresentação razoável e menos sofrida, ou uma terapia para manter algumas pessoas amando você ao longo da vida. Mesmo sabendo que o caminho é longo, quando estamos falando de emoção, todo esforço vale a pena, porque possivelmente você é isso aí em outros contextos,  profissionais e pessoais. Se quiser mudar, comece agora. E mantenha a disciplina, pois quase nunca é agradável remexer nas pequenas doenças da alma. Garanto que a cura é incrivelmente prazerosa. Dois livros importantes:   Inteligência Emocional, de Daniel Goleman; e Rápido e Devagar, de Daniel Kahneman. O filósofo e escritor Luis Felipe Pondé fala uma frase que se aplica perfeitamente ao que sinto sobre os livros que citei:  “não encontrei muitas respostas, mas perguntas que me encantam.”
Espero que a reflexão sobre os três pilares de aprendizado e carreira, e a leitura de alguns dos cinco livros mencionados, inspirem a todos a descobrirem seus próprios talentos, a fazerem escolhas felizes –  e que algumas se tornem hábitos que conduzam a uma vida boa.


Fonte: Portal Carreira & Sucesso da Catho e Rosangela Souza
Rosangela Souza é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas e ProfCerto.
Graduada em Letras e Tradução/Interpretação pela Unibero, Business English na Philadelphia, USA.
Especialista em Gestão Empresarial com MBA pela FGV e aluna do Pós-MBA da FIA/USP. Desenvolveu projetos acadêmicos sobre segmento de idiomas, planejamento estratégico e indicadores de desempenho para MPMEs. Colunista do portal da Catho Carreira & Sucesso.
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