Muitas pessoas podem achar que a hora de se expor é quando elas já falam bem. Afinal, ninguém gosta de passar vergonha na frente dos outros, né?
Mas pensar assim só atrapalha. Mostrar para pessoas desconhecidas a nossa jornada de aprendizagem deveria ser um motivo de orgulho e alegria, e não de medo, de vergonha. O problema é que vivemos com a régua da perfeição sobre as nossas cabeças, e, infelizmente, não somos aprendizes satisfeitos. Parece que a satisfação só chegará quando dominarmos, o que quer que seja.
Qual seria o primeiro passo pra resolver isso?
Pela minha experiência, entendo hoje que o primeiro passo é acolher você, como aprendiz. Sentir orgulho de estar aprendendo algo, enquanto tanta gente não está – por falta de oportunidade, de tempo, de gestão do tempo, de coragem. E por tantas outras razões reais (e também desculpas) pra não evoluir.
Já escrevi aqui sobre buscar ambientes e pessoas que causem em você a sensação de conforto. Eu chamo isso de simulador, falei sobre isso nesse artigo aqui na Exame. Você se joga, mas tem rede, sabe que não vai morrer se cair (aprendi isso com o Alex Bretas). Se você dirige o carro, ou pilota um avião, ou realiza uma cirurgia, em um simulador, sabe que não vai causar um grande dano se errar. O simulador ajuda muito a desenvolver a segurança, e é MUITO melhor do que viciar em aprender cada vez mais teoria, e nunca se expor. Ou ficar paralisado no lugar do especialista que sabe (e não ouve, não aprende, não evolui).
Em qualquer aprendizado, é muito ruim não lidar com o nosso eu aprendiz. Encarar algumas pessoas conhecidas, ou alguns ambientes (casa? escola? trabalho? amigas?) como se essas pessoas e ambientes fossem simuladores, um porto seguro pra você se mostrar, é um passo importante na evolução de seu aprendizado.
Como você pode explorar mais?
- Você pode fingir costume…hahaha Sim, fingir que está acostumado em fazer aquilo em público, que nem tem medo nem nada, ajuda muito. É o tal “fake it, then make it”.
Na minha vida profissional, lembro que quando fui dar aula pela primeira vez na Pós da FGV, eu juro que fui torcendo pra acontecer um terremoto em São Paulo, ou um blackout geral, algo que justificasse que não ter de fazer aquilo que iria fazer. Imagina o medo. Acho que minhas primeiras aulas foram muito bem preparadas, mas bem rígidas. Então fui aos poucos fazendo melhor, até ficar confortável, e depois amar (e ser amada…hahaha).
E o medo do julgamento, das críticas?
Quanto antes você incluir pessoas diferentes nos seus processos de aprendizagem, antes você aprende. Porque vai aprender a encarar com bom humor os tropeços, entender que 99.9% das pessoas não são inimigas, nem estão julgando a sua performance. E se estiverem, elas estão, naquele momento, travando a aprendizagem delas. Quem só julga, e analisa a performance dos outros, quem não ouve o que os outros têm a dizer, não aprende. Pessoas que julgam a forma como você fala o idioma, por exemplo (ou qualquer outro aspecto), ao invés do que você está dizendo, não está ouvindo e aprendendo com você. Enquanto você se torna melhor, elas estão lá apontando o dedo e sendo o que elas sempre foram, sem evoluir.
Então, tá com medo?
Vai lá e faz, com medo mesmo. E faça tantas vezes, até o medo cansar e ir embora. Essa fórmula é infalível na aprendizagem.
Vai descobrindo a teoria enquanto faz
Claro que cada aprendiz é de um jeito, mas tenho certeza de que se você fez experiências na aula de Ciências, e também estudou teorias, você se lembra mais das experiências do que das teorias.
Onde você pode explorar mais?
- Descobrir a teoria ao fazer, ou construir a teoria junto com a prática, ou ver a teoria depois da prática, são estratégias vencedoras em qualquer jornada de aprendizagem
- Em idiomas, se você falar errado e for percebendo seus erros aos poucos, com ou sem ajuda de um professor, você está construindo seu conhecimento. Se você só estudar teoria, e não tiver coragem de falar com as pessoas, você nunca vai falar um idioma.
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