LI um livro com este título, do economista Nate Silver, recentemente. Muitas ideias interessantes, e, entre elas, uma sobre a qual escrevo hoje, nesta coluna mensal para o portal da RH.com. Pelo menos para mim, a reflexão sobre o tema trouxe aprendizados para a vida corporativa e pessoalpor isso quero compartilhar com vocês.
“Se na sua empresa atualmente estiver mais barato produzir conteúdo ou realizar processos, é porque vocês estão usando bem as informações e transformando-as em conhecimento. Se estiver mais caro, provavelmente vocês estão vendo sinais onde há só ruídos e estão desperdiçando tempo com pistas falsas.”
Vamos pensar juntos?
A tecnologia contribui todos os dias para diminuir custos de produção de conteúdo e custo na execução de processos nas empresas. Contudo, em algumas empresas estes custos aumentam a cada dia, e as operações nem sempre se tornam mais simples.
O autor nos convida a refletir sobre o quanto conseguimos identificar sinais, percorrer o caminho que eles apontam, encontrar algo ali, aprender, transformar o que se descobriu em conhecimento, e compartilhar dentro da empresa. Porque só assim não corremos o risco de negligenciar aquele sinal, quando ele aparecer de novo. Se considerarmos o sinal como um simples ruído e o ignorarmos, ele aparecerá mais intenso no futuro. E podemos não ter força para vencê-lo.
Ou será que consideramos ruídos como sinais e estamos perdendo tempo com eles? Eu acho que faço isso quase todo dia. Podemos enxergar “tendências” em um fato único, isolado. Criamos uma nova regra e complicamos o processo, quando a situação deveria ser considerada apenas uma exceção. Podemos ficar frustrados por concluir que a insatisfação é generalizada, quando é só uma opinião isolada. Achar que os clientes estão adorando nosso serviço, quando foi só um elogio, de um cliente. É preciso olhar atento, análise do fato por algum tempo, sensibilidade e alguns números para dissociar ruído e sinal.
Na Companhia de Idiomas, houve uma fase em que achávamos que o fato de haver tantas franquias de idiomas no Brasil era um sinal de que os alunos queriam cursos formatados. Hoje sabemos que era apenas um fator do mercado: investidores resolveram formatar cursos para multiplicar suas franquias. Não era necessariamente sinal do que o cliente buscava. Com o tempo e os números, concluímos que o aluno, o cliente, a sociedade quase sempre vão preferir um serviço personalizado quando podem pagar por ele. Parece ser um sinal de que as pessoas ainda querem atenção, ainda querem se sentir importantes, e querem opinar sobre o produto ou serviço pelo qual pagam.
E na vida pessoal? Podemos achar que quando algo não dá certo na primeira, segunda, terceira tentativa, é sinal de que “não é para ser “. E este aparente insucesso pode ser só uma sequência de ruídos, ou um sinal de que você apenas não planejou direito, mas se planejar vai dar tudo certo, no tempo certo.
Eu costumo achar que quando algo é difícil, é um sinal para eu parar. Mas já aprendi que pode ser apenas meu medo e minha confortável acomodação se juntando, e gritando para eu desistir (afinal, há sinais suficientes de que aquela luta é em vão). Meu medo do novo me engana com pensamentos bastante elaborados e racionais. Mas quando tenho coragem e o ignoro, aí lembro que medo é ruído e não sinal.
Alvin Tofller, no livro Choque do Futuro, escreveu que “nosso mecanismo de defesa irá sempre simplificar o mundo de maneira que confirme nossa tendenciosidade.”
Podemos nos enganar no primeiro ruído, acreditando ser um sinal, só porque é mais confortável para nossa mente que assim o seja.
Mas como saber? Talvez usando o tempo que ainda temos na Terra para acumular aprendizados e não nos dispersando com os ruídos. Tentando entender que tem coisa que flui tão natural e lindamente, que parece “coisa de Deus”. Mas que tem coisa “de Deus” que demora mais, que vem por caminhos tortuosos e obscuros, cheios de ruídos para que a gente se engane e desista, dizendo que enxergou sinais.
Desistir também pode ser um ato de coragem. Interpretando todos os sinais de que é hora de parar, de que a felicidade (que só depende da gente mesmo) está em outro lugar, podemos ter a certeza de que tentamos por vários caminhos mas estamos no fundo aliviados por parar de seguir aquela trilha. O coração sabe. E a razão ajuda bastante, quando não é escrava do medo de falhar.
Que nossas carreiras e vidas tenham ruídos e sinais. Que tenhamos sabedoria para interpretá-los, descartando os ruídos e aprendendo com os sinais.
Escrito por Rosangela Souza. Publicado em 08 de março de 2016 no Portal RH.com. Editado por Rosangela Souza para o site da Companhia de Idiomas – Artigos de Gestão.
Rosangela Souza é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas e ProfCerto.Graduada em Letras e Tradução/Interpretação pela Unibero, Business English na Philadelphia, USA.
Especialista em Gestão Empresarial com MBA pela FGV e aluna do Pós-MBA da FIA. Desenvolveu projetos acadêmicos sobre segmento de idiomas, planejamento estratégico e indicadores de desempenho para MPMEs. Colunista do portal da Catho Carreira & Sucesso, RH.com e Exame.com. Professora de Técnicas de Comunicação, Gestão de Pessoas e Estratégia na pós graduação ADM da Fundação Getulio Vargas.