Esse é um espaço pra gente pensar em tudo que acelera e tudo que atrapalha a nossa capacidade de aprender. Já refletimos sobre hábitos, gestão de tempo, atenção, intenção, medo… tanta coisa! E hoje vamos pensar um pouco sobre PERTENCIMENTO, e o que ele tem a ver com APRENDIZAGEM.
Mas primeiro, o que é pertencimento?
A Marcelle Xavier, do @instituto_amuta, tem uma definição muito muito linda, a qual eu adaptei e adicionei elementos, considerando a minha experiência com pertencimento e não pertencimento:
Pertencimento é o meu desejo de ser o que sou e de estar neste lugar, se encontrando com o seu desejo de me apreciar como sou, sem que eu precise me encaixar ao que você espera o tempo todo.
Gosto de pensar que quando sinto isso aí, pertenço ao grupo, família, relação, turma da escola, time na empresa, grupo de amigos ou qualquer outro relacionamento.
Sinto que pertencimento tem nuances. Não é “pertenço ou não pertenço”. Posso sentir que pertenço a um grupo, mas às vezes sinto que não. Posso querer fazer algum movimento pra me encaixar, de vez em quando, e nem por isso deixo de sentir que pertenço. Não pertencimento é ter de se encaixar ao que o outro (ou o grupo) espera, pra se sentir apreciada, e aos poucos perder a identidade, aos poucos deixar de saber quem se é.
Mas o que isso tudo tem a ver com aprendizagem, gente?
Por conta do que vivemos na educação tradicional das escolas, achamos que precisamos PENSAR E FAZER para aprender. Mas esquecemos que é muito importante a gente olhar pro nosso SENTIR. Quer exemplos?
- Sentir medo de dar uma ideia em uma reunião. Outra pessoa dá a mesma ideia, e a gente sente frustração por não ter falado antes. Ou a ideia não é dada, e você até hoje tem certeza de que seria incrível ter aplicado. Esse medo impede você de aprender.
- Sentir vergonha de falar em público – sua própria língua, ou outra. Você deixa de mostrar todas as suas competências e talentos quando tem de apresentar algo verbalmente, por alguma razão.
- Sentir que quer aprender algo, mas por alguma razão não faz o que precisa ser feito – procrastina, prioriza outra coisa, adia, e se frustra.
Vejo que nem sempre o problema é com a gente. Muitas vezes, o problema está no contexto, na qualidade das relações, nas conexões, no pertencimento, ou na falta dele.
A falta de pertencimento nos deixa com uma insegurança que pode nos travar em tudo que tem a ver com vulnerabilidade, imperfeição, teste, ideias malucas, erros, tropeços, exposição – ou seja, APRENDIZAGEM.
Por exemplo: Se você é super falante com os amigos, e super tímida na reunião com diretores da sua empresa, então você não é tímida – aquele contexto e a relação que tem com aquelas pessoas na empresa, por alguma razão, não deixam você segura o suficiente para se expor.
Então, um olhar atento para tudo que sentimos, e pro nosso pertencimento dentro de cada grupo, pode nos ajudar MUITO em qualquer jornada de aprendizagem que queremos iniciar, ou na forma como nos colocamos diante das pessoas – que pode ou não nos ajudar a aprender com elas, a compartilhar o que sabemos com elas.
Pense como foi qualquer processo seu de aprendizagem (nadar, dirigir, tocar um instrumento, falar um idioma, estudar nas escolas que estudou). Nem sempre esses erros foram acolhidos, por quem estava nos ensinando, como parte do processo, como necessários pra gente aprender. Em contextos competitivos, quem acerta tudo é melhor. E aí, sem perceber, criamos uma realidade na nossa vida pra gente acertar tudo.
Mas como aprender, acertando tudo desde o início? Impossível. E o que é acertar tudo hoje, quando tudo muda o tempo todo?
Talvez seja hora de acolher quem somos, nossos erros e acertos. Acolher nosso time, família, amigos, mais apreciando do que educando. Encarar os erros dos outros como parte natural do processo de aprender. Estimular que testem, tentem, experimentem o novo. Compreender que temos medo de nos mostrar imperfeitos, e ir com medo mesmo. Motivar que as pessoas se joguem com medo mesmo, criando espaços mais seguros, pra que elas possam ir aos poucos, só com algumas pessoas, sem riscos, como em um simulador de avião. Muitas vezes repetindo a ação em um espaço seguro assim, a gente adquire confiança, e se sente confiante pra mostrar nossa obra (sempre imperfeita) na vida.
Pertencimento é o meu desejo de ser o que sou e de estar neste lugar, se encontrando com o seu desejo de me apreciar como sou, sem que eu precise me encaixar ao que você espera o tempo todo.
A Aprendizagem, para mim, é filha do Pertencimento.
Quer ajuda neste e em outros temas de aprendizagem, para você ou seu time? A Rose Souza, sócia e CEO da @verbify.oficial, e da @companhiadeidiomas, está oferecendo 5 mentorias gratuitas sobre Aprender a Aprender, para leitoras e leitores dessa coluna (é só citar que viu as dicas na Exame.com), e falar diretamente com ela por DM no instagram @rosefsouza, ou por email rose@companhiadeidiomas.com.br.
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