O dia em que Nietzsche, Millôr Fernandes e Emicida se reuniram - Companhia de Idiomas

O dia em que Nietzsche, Millôr Fernandes e Emicida se reuniram

Adoro frases. Gostaria de ter uma memória fabulosa para poder citá-las, bem como a seus autores, no meio de conversas com amigos, ou em reuniões profissionais. Seria lindo: a frase certa, na hora certa, resumindo tudo o que eu queria dizer (eu que sou tão prolixa). Como não tenho esta memória toda, anoto no celular tudo o que me faz pensar. E, depois, eu penso! Não dá para abrir o celular para citar na conversa, mas quem sabe escrevendo eu as internalizo – não para falar, mas para vivê-las. Para abrir nossa coluna de 2014, selecionei para você três destas frases que estão aqui no meu bloco de notas. Então, hoje é o dia em que Nietzsche, Millôr Fernandes e Emicida se reuniram para nos fazer pensar.
Comecemos convidando o alemão Nietzsche a fazer parte da conversa. Ele diz: “Se você não tem um bom pai, é preciso arranjar um.”
 
Em tempos de famílias desestruturadas e de mães que criaram seus filhos sozinhas, o filósofo ressalta a importância de termos um modelo, alguém em quem nos espelhar e com quem aprender. Um pai, ou o papel dele. Não uma celebridade da TV ou redes sociais com aquela falsa proximidade muitos de nós sentimos.   Não aquele mega empresário que ganhou seu primeiro milhão aos 25, que passa de Deus a Demônio no espaço de duas edições de revista, colocando por terra as estratégias, técnicas e comportamentos que queríamos aprender com ele.  Tem de ser alguém próximo, que nos conhece e nos orienta, que não apenas nos apoia, mas que diz o que precisa ser dito e que esgrima conosco – como costuma dizer um de meus mentores.
 
Se seu pai não pode desempenhar este papel, porque você não o tem, ou porque ele não tem a experiência de vida para isso, tem de buscar modelos. Se não encontrar, construa seu Frankenstein particular:  a determinação de um, a integridade do outro. Mas gente próxima, madura e assertiva – para ter sempre uma boa conversa sobre os pontos a aprender. E você, o que diria?
 
Aí colocamos na sala o Millôr Fernandes, falando: “ Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.”
 
Eu não sei quanto a você, mas eu posso dizer que conheço bem menos de dez pessoas nesta vida. Primeiro, porque as pessoas são surpreendentes – para o bem e para o mal. Segundo, porque elas mudam. Quando achamos que conhecemos bem alguém, ela já incorporou um novo valor, uma atitude – ou a vida a amargurou e ela começa a se comportar de forma oposta a como se comportava no passado. Ou fui eu quem mudei e  não mais a vejo como via.
 
Este é um clássico da vida corporativa:  apaixonar-se profissionalmente por alguém.  Achar que encontrou “a pessoa certa” para determinada função e, efusivamente, se comportar como um ser apaixonado (portanto, cego) , que enche o recém contratado de elogios – deixando os outros colaboradores igualmente cheios: de ciúme e indignação.  Menos, chefe.  E se você é o cara que acabou de começar em uma empresa, achando que tudo tudo lá é perfeito, lembre-se de que quanto mais expectativa, maior a decepção. Por outro lado, a maturidade não pode nos deixar amargos, descrentes do ser humano e do lado bom que tudo tem.   Equilíbrio – tão fácil dizer, tão difícil agir assim. Depois desta frase do Millôr, fica mais divertido ver pessoas encontrando outras e achando-as perfeitas, no primeiro encontro ou enquanto a relação for superficial. “Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem”. Boa, Millôr.
 
Podemos convidar o rapper, repórter e produtor musical  Emicida para fechar a reunião – e a coluna deste mês – com sua provocação:  “Você não percebeu que é o único representante dos seus sonhos na face da Terra?  Então levanta e anda. “
 
Que em 2014 saibamos identificar e atrair mentores sábios, consigamos manter um olhar bom sobre as coisas e pessoas (mas sem nos cegarmos) e, finalmente, que tenhamos coragem para levantar e andar, sem aquelas desculpas que todos fingem entender, e sem o velho medo de nos aventurarmos e mostrarmos nossas imperfeições.
 
 
Fonte: Portal Carreira & Sucesso e Rosangela Souza

Rosangela Souza é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas e ProfCerto.

Graduada em Letras e Tradução/Interpretação pela Unibero, Business English na Philadelphia, USA.
Especialista em Gestão Empresarial com MBA pela FGV e aluna do Pós-MBA da FIA/USP. Desenvolveu projetos acadêmicos sobre segmento de idiomas, planejamento estratégico e indicadores de desempenho para MPMEs. Colunista do portal da Catho Carreira & Sucesso.
 
Posso ajudar?