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Entrevista com Ziraldo - Companhia de Idiomas

Entrevista com Ziraldo

Entrevista por email com o escritor e cartunista Ziraldo, publicada no Guia Prático para Professores de Ensino Fundamental I e no blog teachervanessaprata.blogspot.com.

O escritor maluquinho

Na visão do autor, o livro tem papel fundamental no desenvolvimento das crianças, e ler é mais importante do que estudar

Por Vanessa Prata

Cartunista, chargista, escritor, dramaturgo, desenhista, jornalista… Ufa! Ziraldo Alves Pinto é tudo isso e ainda encontrou um tempinho para falar com a revista Guia Prático para Professores de Ensino Fundamental I. Ziraldo nasceu em Caratinga (MG), em 1932, trabalhou na revista O Cruzeiro, marco do jornalismo brasileiro, e no Jornal do Brasil, criou a revista em quadrinhos Turma do Pererê e foi um dos fundadores do periódico O Pasquim, de oposição ao regime militar. Em 1980, lançou o livro O Menino Maluquinho, seu maior sucesso editorial, e até hoje colabora com diversas publicações. Confira na entrevista a seguir suas dicas para aproximar as crianças dos livros.

[CORTAR]Qual o papel do livro no desenvolvimento da criança?
Ziraldo: Fundamental! Não sou educador nem pertenço a qualquer organização que cuida oficialmente de estímulo à leitura, mas aproveito todo o espaço que tenho para falar sobre o assunto. A questão da leitura no Brasil é grave. Nossos jovens estão chegando à universidade praticamente analfabetos: a grande maioria é incapaz de entender o que lê de imediato ou incapaz der se expressar com clareza pela leitura. Nossos governantes e nossas escolas têm que compreender que a coisa mais importante no ensino fundamental é conduzir nossas crianças para o domínio total da escrita, da leitura e da aritmética. O resto virá por acréscimo. Ler é mais importante do que estudar!

Como se forma um leitor?
Ziraldo: Passei mais de vinte anos atrás dessa resposta. Até encontrá-la! Para que a criança goste de ler, leia com ela, leia para ela. Histórias para crianças eram chamadas – na época em que não havia televisão, cinema e rádio (pelo menos na Inglaterra) – de bedtime stories. Para fazer um país justo e feliz, um povo tem que saber escolher. E só se aprende isto com a palavra escrita. O homem só chegou à Lua porque, depois de Gutenberg, todo mundo teve acesso ao livro e ao conteúdo que eles preservam.

Qual a importância da contação de histórias para desenvolver o hábito da leitura das crianças?
Ziraldo: Toda criança gosta de ouvir histórias. Um bom hábito é a leitura compartilhada, a conversa sobre o livro que se está lendo. Se um pai decide ler para o filho, ele pode ler até Guerra e Paz que a criança se interessará pela história. Outra coisa de grande efeito é dar para a criança um álbum para ela escrever seu diário. Se a criança vai escrever sobre ela, terá muito mais interesse do que se alguém pedir para ela escrever sobre o Duque de Caxias, por exemplo. É importante também não transformar leitura em dever. A leitura deve sempre ser associada ao prazer das descobertas. Dê um livro de presente, sempre! O livro é o único presente que já vem com um elogio. Quem ganha o livro se sente lisonjeado: “Meu presenteador acha que eu sou inteligente e interessado.”

O que a criança deve ler?
Ziraldo: Criança deve ler de tudo. Gibis, livros de história, livros que contem casos, que despertem a curiosidade das crianças para a vida, para o mundo. E curiosidade é uma forma de inteligência. Considero cada quadrinho dos gibis uma janela para o mundo e foi através dessa janela que nasci para o mundo. Tenho um livro chamado O Menino Quadradinho e é um pouco a história da minha vida. Ler é uma viagem que o homem pode e tem que fazer em busca do seu próprio conhecimento e esta viagem deve começar na infância.

O livro impresso ainda tem vez num mundo digital?
Ziraldo: Não consigo imaginar que outro suporte a literatura e a poesia vão encontrar para se exercer. O livro é o objeto mais perfeito que o ser humano inventou. Se eu conheço a alma humana, uma lágrima há de manchar, sempre, a página de um livro. Quem lê não vai deixar nunca de sublinhar a frase que marcou sua vida. Acredito que enciclopédias e livros de informação podem desaparecer. Os livros de versos ou de histórias como a da Madame Bovary, nunca.

O Menino Maluquinho foi escrito há mais de 30 anos. Se o senhor tivesse escrito o livro hoje, acredita que a história seria diferente, ou a essência das crianças não mudou nesses anos?
Ziraldo: É engraçado que o Menino Maluquinho do livro não mexe com jogos eletrônicos, não está ligado nesses musicais americanos, ainda solta balão, tem 10 namoradas, aquela coisa romântica de 30 anos atrás, e continua tocando as pessoas… Até hoje você pode adaptar as tragédias gregas para os tempos modernos, porque o homem continua sofrendo, ficando feliz e chorando pelas mesmas razões.. A essência humana não muda nem a das crianças. O Menino Maluquinho não fala de tempo nem de costumes, acho que é isso.

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