Visão Estratégica, ou “saber se preparar para os próximos anos” é algo extremamente difícil para qualquer empresa.
No Brasil, mais difícil ainda. Vemos todos os dias notícias que mudam o comportamento do consumidor, aumentando ou diminuindo as incertezas e o medo do que pode vir.
A ExpoDisney, realizada em São Paulo em agosto 2017, trouxe como um dos palestrantes o Senior Manager/Finance da Walt Disney Company, Yonatan Politi. A palestra foi sobre o jeito Disney de realizar sua Visão Estratégica (ou Strategic Foresight: Como a Disney se prepara para os próximos 30 anos).
Mesmo em ambientes complexos e incertos, se não pensarmos no assunto, se não nos prepararmos para o futuro, seremos reféns dele. Tudo muda o tempo todo e, se ficarmos apenas ocupadíssimos com o nosso presente desafiador, podemos ter um futuro bem complicado.
Coloquei aqui alguns pontos abordados pelo Yonatan na palestra, para nossa reflexão. Nossa reflexão e não apenas sua! Como fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas, também trabalho no presente, garantindo o encantamento dos clientes com um time super qualificado e motivado. Mas principalmente trabalho no futuro, planejando a empresa, com serviços que o cliente nem sabia que queria, mas, quando conhece, percebe que era tudo do que ele precisava. Isso é inovação disruptiva em negócios maduros, não apenas em startups.
Mas vamos aos aprendizados e reflexões sobre nossas empresas e nossas carreiras:
A Disney planeja 30 anos à frente
Líder de segmento em diversos produtos e serviços, o pessoal da Disney precisa entender como as próximas gerações vão se comportar, que valores vão ter, qual será o estilo de vida deles. Só assim eles conseguem planejar hoje os produtos e serviços que vão encantar os nossos bisnetos, como encantaram os nossos pais.
E eles sabem que a experiência ajuda, mas atrapalha. Sabem que diariamente há centenas de empresas que perdem relevância por conta de players que acabaram de entrar no segmento e estão indo muito bem. Estão indo bem porque enxergaram uma lacuna, um desejo do consumidor que a empresa líder não conseguiu enxergar. O paradoxo é que a experiência amplia sua visão, mas também cega para o óbvio. O óbvio que seu novo concorrente viu com muita clareza, mesmo sendo aquela startup que você nem considerava como benchmarking.
E sua empresa? Ela está criando produtos ou serviços para as novas gerações, alinhados com os novos comportamentos e valores? É uma espécie de Blockbuster ou Blackberry, que eram líderes, mas quebraram por ficarem “cegas de sucesso”?
E você? Preparado para o mundo V.U.C.A.? Um mundo cheio de Volatilidade, Incerteza (uncertainty), Complexidade e Ambiguidade?
Planejar é fundamental. Mudar o plano é vital.
“In this volatile business of ours, we can ill afford to rest on our laurels, even to pause in retrospect. Times and conditions change so rapidly that we must keep our aim constantly focused on the future.” – Walt Disney
Se Disney já considerava o negócio dele como volátil décadas atrás, imagine em tempos de mudanças diárias como os que vivemos. Nas organizações bem sucedidas, quem acha que o jogo está ganho só porque tem lucro hoje, pode perceber o erro amanhã. O lado bom é que não há mais espaço para a arrogância do sucesso presente, e aos poucos todos estão percebendo isso. Disney já nos aconselhava a manter o foco no futuro, sabendo que tudo pode mudar, e a empresa terá de mudar junto (ou mudar antes, definindo o novo caminho). Se não é possível prever o futuro, podemos então desenhar possíveis futuros. Como? Observando diariamente as tendências do mercado, refletindo sobre o que elas têm a ver com o seu segmento e lançando produtos e serviços que atendam a desejos que o consumidor nem sabe que tem – ainda.
Como percebe, na sua carreira, aquele MBA (ou PósMBA como eu), que fizemos com tanto sacrifício, já pode estar vencido – triste notícia. Os cenários e cases que tanto estudamos já não se aplicam ao mundo atual. Os desafios mudaram. O que vamos fazer com relação a isso? Einstein disse que “insanidade é continuar sempre fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. O problema é que se continuarmos a fazer as mesmas coisas, do mesmo jeito, não vamos nem ter os mesmos resultados. Podemos não ter resultado algum. Obsolescência é o maior risco de quem ainda quer ou precisa estar no mercado de trabalho daqui a cinco anos.
Como um dia nos ensinou Peter Drucker:
“In times of turmoil, the danger lies not in the turmoil but in facing it with yesterday’s logic.”
“Em tempos de turbulência, o perigo está não na turbulência em si, mas em lidar com ela com a lógica de ontem.”
Começamos este texto aprendendo com Disney, passamos por Einstein, e fechamos com Peter Drucker. Que eles nos inspirem na incansável busca por relevância profissional e felicidade pessoal.
Rosangela Souza (ou Rose Souza) é fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas. Graduada em Letras/Tradução/Interpretação pela Unibero, Especialista em Gestão Empresarial, MBA pela FGV e PÓSMBA pela FIA/FEA/USP, além de cursos livres de Business English nos EUA. Quando morava em São Paulo, foi professora na Pós Graduação ADM da FGV. Desenvolveu projetos acadêmicos sobre segmento de idiomas, planejamento estratégico e indicadores de desempenho para MPMEs. Colunista dos portais Catho, RH.com, MundoRH, AboutMe e Exame.com. Desde 2016, escolheu administrar a Companhia de Idiomas à distância e morar em Canela/RS, aquela cidadezinha ao lado de Gramado =) . Continua cheia de projetos para a Companhia de Idiomas. Quer falar com ela? rose@companhiadeidiomas.com.br ou pelo Skype: rose.f.souza