A narrativa de muitos seminários e palestras que tenho assistido chama a atenção para uma espécie de paradoxo: vulnerabilidade e empregabilidade. Alguns palestrantes falam da importância de reconhecermos a vulnerabilidade, mencionam o primeiro TEDx da Brené Brown, The Power of Vulnerability, o segundo, Listening to Shame, e mais recentemente sua palestra no Netflix, The Call to Courage. Sim, os TED Talks dela já foram vistos por mais de 40 milhões de pessoas porque ela expõe nossa verdade.
A questão que surge é: como podemos realmente mostrar nossa vulnerabilidade no ambiente corporativo sem prejudicar nossa imagem profissional? Concordo com tudo o que a Brené diz, as análises que apresenta, as comparações que faz, os exemplos que dá. No entanto, muitas empresas estão bem longe de aceitar e acolher, numa boa, nossas imperfeições, limitações, ou seja, nosso lado humano.
É fato que perfeição não existe, mas o que mais presenciamos são pessoas estressadas com medo de errar e de assumir seus erros nas empresas e na vida. Entendo que as startups, as micro e pequenas empresas conseguem, mais facilmente, adotar uma postura saudável com seus colaboradores, por serem menores e por terem outro tipo de gestão. Muito difícil ter uma empresa sustentável sem cuidar das pessoas. Afinal, o CNPJ é formado pelas relações entre muitos CPFs.
Presencio esse medo de errar também em sala de aula, entre nossos alunos que têm dificuldade de se comunicar em um idioma estrangeiro. Por não quererem expor sua vulnerabilidade na comunicação e serem julgados por isso, travam quando precisam participar de uma reunião ou atender a um telefonema em inglês, por exemplo.
Por tudo o que coloquei acima, gosto muito da prática do Nubank sobre projetos que não foram bem-sucedidos. Eles realizam a reunião intitulada post-mortem, que é uma espécie de autópsia. Antes de começar, eles fazem um minuto de silêncio para reflexão. Aí começam a avaliar, sem julgamentos pessoais, os motivos pelos quais o projeto fracassou e os aprendizados que devem ser levados para projetos futuros. Esta ação foi inspirada no processo criado e praticado pela empresa Pixar.
Essa é uma ação corporativa. Já para você conseguir compreender quais são suas competências mais vulneráveis e o impacto que causam em sua carreira é importante se conhecer, reconhecer suas limitações e comportamentos que podem ser melhorados. A vida é consequência do que somos e pensamos, e o caminho para o crescimento passa pelo autoconhecimento.
Para inspirá-lo a estruturar e começar esta jornada, preparei algumas perguntas para reflexão e que poderão ser usadas para a criação do seu plano de desenvolvimento:
- O quanto você se observa de verdade? Você está atento a suas reações e interações profissionais e pessoais?
- Você pede feedback para colegas, pares, gestor, familiares? Com que frequência? O que faz com as respostas que recebe?
- Como você reage quando o feedback não é elogio?
- O quanto você percebe e reconhece o que o limita?
- Você está trabalhando para diminuir o impacto de suas limitações pessoais e profissionais?
- Você conhece seus pontos fortes?
- Você está trabalhando para incrementar seus pontos fortes?
- Você busca conhecimento através de livros, palestras, treinamentos, cursos, Internet? Com que frequência?
- Consegue colocar em prática esse conhecimento?
- Se não, sabe o porquê?
Por fim, pensando em sua profissão e carreira, reflita:
O que você faz bem?
O que você valoriza?
O que faz sentido pra você na sua carreira?
O que te move?
O que você quer pra sua vida?
Através das perguntas você pensa no caminho que quer seguir. Boa jornada consciente!
Escrito por Lígia Velozo Crispino e publicado na coluna do portal Vagas Profissões. Editado para o blog da Companhia de Idiomas.